Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída é um filme alemão de 1981, baseado no livro Christiane F. – Wir Kinder vom Bahnhof Zoo, escrito pelos jornalistas Kai Hermann e Horst Hieck, publicado e editada pela revista alemã Stern em 1978, que narra a história da personagem principal Christiane F., uma consumidora que se tornou viciada em drogas. Com o sucesso do livro e com a comoção da opinião pública pelo drama vivido pela jovem Christiane, o diretor Ulrich Edel resolveu transformar a história de Christiane e dos jovens da Estação Berlin Zoologischer Garten de Berlim em filme. O lançamento de Christiane F. – Wir Kinder vom Bahnhof Zoo foi em 1981, e contou com a atriz Natja Brunckhorst interpretando Christiane, e Thomas Houstein como Detlef R. Apesar de nunca ter atuado, a atriz de quinze anos surpreendeu os críticos com uma atuação chocante. Edel descobriu Natja enquanto ela brincava no playground de seu colégio. Natja aceitou o papel e, com o consentimento de seus pais, gravou o filme. Já Thomas Houstein que interpretou Detlef, foi descoberto num clube atlético e no início recusou o papel.
Na cidade de Berlin nos anos 70, Christiane (Nadja Brunckhorst) é uma adolescente de 13 anos que vive com sua mãe e sua irmã em um tipico apartamento. Assim como adolescente, ela quer sair, ver o mundo e curtir com suas amigas, longe dos olhos de sua família. Ela é fascinada para conhecer a "Sound", uma nova e moderna discoteca. A Sound era a boate mais badalada em Berlim e Christiane era fascinada em conhecê-la. Para poder entrar na boate, aos 13 anos, com ajuda de sua amiga, Kessi, falsificou a data de nascimento em sua carteira escolar. Lá, Kessi lhe apresentou seu namorado, Mich. Ele já era um dependente de drogas pesadas e morreu meses depois. Foi na Sound que Christiane conheceu seus amigos Axel, Babsi, Atze, Zambie, Stella e seu futuro namorado, Detlef. Atze só falava em drogas e nas melhores formas de “voar”. Concordavam entre si quando viam a Heroína como um suicídio. Ninguém a havia experimentado, mas sabiam que usando uma vez não a largariam mais. Detlef é usuário de drogas e com ele, ela começa a se entregar ao terrível mundo das drogas. Primeiro é o álcool, depois a maconha, em seguida LSD e outras drogas até chegar ao ponto de injetar heroína. E passo a passo ela começa a mergulhar cada vez mais profundamente no submundo do vício e da prostituição colocando-se à beira da morte. E, como todo viciado, uma vez que o dinheiro acaba, ela acaba arranjando outros meios para conseguir suas drogas, entrando, além do mundo das drogas, no mundo da prostituição. É um filme de cenas fortes e muito reais que nos transmite os horrores do mundo do vício entre os jovens.
Christiane F. é baseado numa história real, da verdadeira Christiane F. A verdadeira conseguiu sair da prostituição, mas ainda se droga até hoje. Dizem que as drogas, é realmente um caminho sem
volta. E isso é verdade. Você que ler isto neste momento pode não concordar, mas é verdade. Uma pessoa pode se ver livre das drogas, mas para voltar é muito fácil. assim como todos os vícios.
No filme a atuação gira em torno de Christiane e Detlef. Sendo que Christiane carregar consigo as emoções inteiras no filme. Ela consegue agir com boa naturalidade no início e no meio, até entrar num ápice dramático no fim.
Na década de 70, a Alemanha Ocidental era um país de primeiro mundo, superindustrializada e considerada o espelho do Capitalismo. O número absurdo de crianças e adolescentes que dormiam na rua, se drogavam e se prostituíam tornou-se um fenômeno ao qual a sociedade estava cética e pouco interessada. Por que tantos menores eram por ela ignorados? O que os levou a se tornarem um “lixo social”? Seria a família de pais violentos, alcoólatras, “trapaceiros” e abandonadores? O lar sujo, sombrio, desumano, sem nenhuma higiene, conforto e lazer? Enfim, o preço do crescimento capitalista era deixar que o futuro dessa sociedade em “evolução” morresse antes mesmo dos 20 anos. Christiane, uma adolescente normal e comum, feriu o orgulho capitalista alemão quando trouxe à tona a sua história e a de muitos outros adolescentes e crianças que se prostituíam para sustentar seu vício de heroína. Ela cresceu em um bairro pobre, em meio a um ambiente violento. Seu pai era muito agressivo e também alcoólatra. Como forma de compensação dos terríveis momentos que passara na presença de seu pai, sua mãe lhe deu uma vida sem regras, sem responsabilidades.
Christiane vivia num mundo errado, com os amigos errados, mas não podia mudar em nada esta situação. Por falar em amigos, eles não possuíam fidelidade entre si, não possuíam vida. Estavam ligados pelas drogas, somente. Babsi, 14 anos, tornou-se manchete de jornais por ter sido a mais jovem vítima da Heroína. Era filha adotiva de um famoso pianista alemão e aos 13 anos já era viciada, prostituída e já havia sido espancada e estuprada por bêbados. Quando Babsi morreu, Christiane nem se sensibilizou tanto, pois já esperava algo assim pra quem usa heroína. Pouco tempo antes, elas tinham combinado em deixar o vício. Christiane inalou heroína pela primeira vez após assistir ao show de David Bowie, seu grande ídolo. A comparação, feita por Atze, da sensação de um orgasmo induziu-a a injetar heroína, tempos depois. O zoológico era um lugar de pessoas deprimentes e acabadas. Cada jovem que ali se encontrava não tinha mais nada que o assemelhasse a um adolescente normal, nem física, nem mentalmente. Esqueciam-se de sua própria existência e a presença de iguais já não significava nada. Eram vistos como a fruta podre da sociedade, esquecidos e ignorados. Os pais sempre foram figuras ausentes. Todos esses jovens vinham de lares desfeitos por separações, violência doméstica, alcoolismo e drogas
Christiane F. é um filme necessário. Esta pérola do cinema alemão mostra o mundo de Christiane F. e de todos que entraram no mundo das drogas. Um fato curioso e importantíssimo sobre o filme é que, na época a filmagem não foi autorizada pelo governo alemão, e todas as cenas foram filmadas clandestinamente e na correria.
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